Choque de demanda do coronavírus exige políticas compensatórias

“Tudo o que fazemos antes de uma pandemia parecerá alarmista. Tudo o que fizermos depois parecerá inadequado.”

Michael Leavitt, ex-chefe do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos

 

“O mercado foi leniente com o desenvolvimento do coronavírus. Isso não é uma novidade nas epidemias. Seu impacto inicial costuma ser subestimado em razão da maneira pela qual as previsões são feitas, geralmente de forma linear, apesar de o comportamento desses surtos se dar de outra forma.” A avaliação é do CIO do Andbank Brasil, Rodrigo Octavio Marques de Almeida, ao lembrar que, na primeira fase, as “economias se mantiveram razoavelmente tranquilas, pois havia expectativa de acomodação, muito mais em função dos erros de previsão”.

 

Mas, como lembra o economista do Andbank Brasil, subitamente, “os mercados tiveram de corrigir esse prognóstico por causa do aumento de casos e da disseminação do Covid-19 globalmente”. O maior impacto foi a propagação do vírus pela Europa. E, agora, conforme o número de pessoas infectadas cresce em todo o mundo, “a tendência é que os agentes superestimem o impacto do vírus, o que está influenciando a renda variável”, explica o CIO.

 

 

Segundo Marques de Almeida, os efeitos do coronavírus levam a dois choques, o de oferta e o de demanda. “O primeiro”, diz ele, “ocorre porque a cadeia produtiva sofre uma interrupção e a resposta para isso são o corte de juros e a flexibilização monetária”. O choque de demanda está relacionado ao comportamento dos consumidores, que tendem a adiar as compras ou escolher mais criteriosamente o que vão comprar. “Esse choque”, informa o CIO, “provavelmente exigirá novas políticas compensatórias e é o que se espera para esta semana”.

 

O economista diz ser importante “uma coordenação das políticas monetárias globais, como ocorreu em 2008, e igualmente das políticas fiscais”, já que houve uma combinação de choques e uma extrapolação das expectativas.

 

O CIO do Andbank Brasil acredita que, dentre as medidas monetárias prováveis estão, além do corte de juros e aumento da liquidez, “a compra de ativos líquidos, ou quantitative easing, e uma possível aquisição de créditos líquidos e de pior qualidade pelo Banco Central, a quantitative easing”.