Porque o melhor ministro é brasileiro?

Melhora dos indicadores econômicas explica escolha de Paulo Guedes como ministro do ano pela revista britânica Global Markets.

Mesmo portfolios mais conservadores precisam aumentar o risco em 2020, segundo CIO do Andbank Brasil.


Em outubro do ano passado, a revista britânica Global Markets escolheu Paulo Guedes como o melhor ministro do mundo. As razões que explicam essa distinção são os vários indicadores da economia brasileira, como explica Alex Fuste, economista-chefe global do Andbank.

 

Fuste destaca, entre outros, o crescimento do PIB, cujas previsões vêm melhorando desde o final de 2019 e agora estão acima de 2,3%. Além disso, ele relaciona:

 

  • Os impactos na economia real da agenda de reformas e do controle da inflação já começam a ser sentidos, o que pode ser comprovado pela expansão de setores-chave, como o imobiliário e a indústria extrativista.
  • A possibilidade de outros segmentos industriais terem um aumento moderado este ano, se a taxa de juros permanecer baixa.
  • Logo após a reforma da previdência, a economia registrou aumento de 0,6%, o que influenciou positivamente a confiança da população sobre a recuperação econômica.
  • A inflação se mantém controlada, como prova o último relatório Focus, mostrando que o consenso para 2020 fica entre 3,56% e 3,58%.

 

Entretanto, o economista-chefe global do Andbank alerta que a manutenção da alta taxa de desemprego pode provocar frustração social, “embora não vejamos esse risco em 2020”.

 

Fuste também se pergunta se o primeiro ano do governo do presidente Jair Bolsonaro foi um sucesso ou um fracasso. Ele começa ressaltando que as pesquisas de aprovação do presidente estabilizaram em 40% e atribui o índice às melhorias lentas, mas constantes, da economia e à aprovação da reforma da previdência pelo Congresso, reforçada por pequenos estímulos no emprego. O economista-chefe do Andbank destacou ainda:

 

  • A abordagem direta de Bolsonaro ao crime – que, de acordo com as estatísticas oficiais, caiu drasticamente – colabora para a confiança de líderes empresariais e investidores estrangeiros no renascimento econômico.
  • O presidente conseguiu manter laços econômicos fortes com seus dois maiores parceiros econômicos: China e Estados Unidos.
  • As eleições municipais vão ser um bom termômetro da posição do presidente em nível nacional. Pesquisas mostram que Lula é o único sério desafio de Bolsonaro, o que mostra a fragilidade da oposição.
  • O presidente é hoje um forte candidato à reeleição em 2022, apesar de suas declarações ofensivas, seu histórico de julgamento ruim e de seus muitos críticos.

 

Fuste avalia que o novo “impulso para as reformas adicionais neste ano é favorável para a economia e para os ativos financeiros”. Outros fatores positivos são:

  • A garantia do ministro Paulo Guedes que as reformas administrativa e tributária devem ser enviadas ao Congresso até o início de fevereiro.
  • O parlamento mantém a disposição de continuar apoiando a agenda de reformas. Mas o consenso geral é que quase tudo será aprovado até 2021 porque as eleições municiais de outubro devem interferir no cronograma.

 

O impacto nas alocações de ativos

 

O CIO do Andbank Brasil, Rodrigo Octavio Marques de Almeida, complementa a análise de Fuste, lembrando que o Congresso Nacional, apesar da pequena base de apoio de Bolsonaro, é reformista. E diz que o que “traz mais volatilidade para o mercado é o risco político”, que diminui com a agenda de reformas do ministro da Economia. “Elas precisam de consolidação fiscal, capaz de manter os juros baixos”, avalia.

 

Com isso, o impacto na alocação de ativos é o aumento da volatilidade em 2020, bem como a tendência de ampliar as ações e crédito estruturado nas carteiras. É por isso que o CIO do Andbank Brasil diz que “neste ano, mesmo os portfolios mais conservadores vão precisar incluir renda variável”.